sábado, 16 de abril de 2011

Ah o carnaval

Ah o carnaval!
Colombinas e arlequins rasgando a fantasia.
Tempo em que tudo é alegria e nada mais importa.
As pessoas libertam-se e agem como se não houvesse amanhã.
Ressaca - só a moral na quarta de cinzas. Isso se você se lembrar o que aconteceu.
Se não lembrar, não fez!
O cenário era perfeito - Rio de Janeiro.
Depois de uma tarde inteira atrás dos blocos do Leblon e um sanduiche, quatro doses de vodka com energético e duas latas de cerveja no estomago, ela lembra do garoto que ficou de encontrar na Lapa à noite. Convence as duas amigas e toma rumo ao bairro mais descolado do carnaval carioca.
Vai pro ponto, pede informação, espera, toma mais duas cervejas ... O mundo roda, mas ela não tá nem ai! Graças a Deus o ônibus está vazio. A cobradora era uma verdadeira passista de escola de samba. Linda, cabelos escuros e ondulados, sotaque xiado, concorrente fortissima! No banco da frente, um grupinho de moças fantasiadas. No de trás, um bando de amigos mais loucos que o batman. E puxa papo com as garotas, faz uma piada com os bêbados.
E entra mais um, mais dois, mais 20, mais 100 ... De repente, o ônibus vira uma lata de sardinha. E tudo é festa, tudo é carnaval.
A cobradora entrou no clima, pediu um cigarro, fumou lá dentro mesmo. O povo começa a cantar marchinha, samba enredo, forró, música infantil e o que dá na cabeça.
Animação total, afinal é carnaval.
Ela já com metade do corpo pra fora da janela, fazendo batuque na lataria e berrando a letra da musica toda errada. Para no farol, puxa papo com o carioca da calçada. Trânsito. A conversa vira uma cantada, que vira uma loucura - o tal moço se pendura no teto e enfia a cabeça dentro da janela. E a loucura vira um beijo, mesmo com ônibus em movimento.
Enquanto isso, o povo continua a subir. Passa um, passa dois, mas o terceiro passa um xaveco daqueles bem toscos na cobradora. Não importa, ele nem precisava falar. Sem camisa, todo riscado e queimado de sol - a musa nem viu de onde veio, quando percebeu já estava grudada no passageiro deus grego.
Começa um burburinho lá no fundo. "Chegooooooooooooooooooooooou, para ae motorista!".
A Lapa chegou. Dava pra ver os arcos da janela. Lá no fundo ela ouvia seu samba preferido - Choooooooooora! Não vou ligar, não vou ligar! Chegou a hora, vais me pagar!
Logo bateu a dúvida. Será o que o tal garoto valia a pena mesmo. Será que ele ainda estava esperando. Será que tinha encontrado outra.
E decidiu: segue motorista, o melhor do carnaval era ali no bloco do busão!

Nenhum comentário: